Quero ver o mundo começar a cada 1º de janeiro como o jardim começa no areal pela imaginação do jardineiro.
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Pressinto uma alegria miudinha, trivial, embelezando em plena via pública o passante mais feio, mais deserto de bens ineriores.
Profetizo manhãs para os que saibam haurir o mel, a flor, a cor do céu.
O mar darei a todos, de presente junto à praia, e o crepúsculo sinfônico pulsando sobre os montes.
Um vestido estival, calocante, passara, passarinho, aqui, ali, e quantos ritmos um pisar de mulher irá criando na pauta de teu dia, meu irmão.
Oráculo paroquial, a meus amigos e aos amigos de outros ofereço o doce instante, a trégua entre cuidados, um brincar de meninos na varanda que abre para alvíssimos lugares onde tudo que existe, existe em paz
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Extraído do Poema "Visões" de Carlos Drummond de Andrade
