quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

MULHER É

Como todo ser humano, meu primeiro contato foi com uma mulher. E não podia ser diferente não é mesmo? Nasci da minha mãe.

Aliás, ato que me proporcionou ter uma leve imagem de como é uma mulher por dentro.

Se bem que isto não lembro muito, mas tenho a sensação quase perceptível de que está implícito em algum lugar da minha mente e coração.

Afinal falho ou não, cresci adquirindo uma generosa capacidade de conceder o perdão a sem contudo algumas vezes sequer ter a compreensão.

Tudo por entender que estamos todos num processo evolutivo a partir da mulher.

Voltando ao tema, não tenho cá límpidas lembranças da fase da amamentação, melhor sim da arte desta gastronomia que é mamar , bem como, daqueles seios fartos e engorduxados que mamãe adquiria, sobretudo neste período.

Primeiro na minha vez; que foram tantas e sete anos depois na vez do meu irmão que foram muitas, mas muitas, muitas mesmo, quase um exagero a ponto de ser convencido calorosamente a base de pimenta a abandonar o seu prazer aos nove anos.

Um pouquinho adiante e mais crescidinho, tenho lembranças sublimes de quando minhas primas; Cida e Magdá, me davam banhos.

Ah! que delícia era receber banhos inundado da cintura para baixo naquela grande bacia sobre o chão. E olhem que era bacia mesmo, aquela de alumínio que muitos usavam e usam até hoje para pôr a roupa de molho,.

Porém, era o que se usava na época pois não havia até então a moderna banheirinha plástica. E isso não sei dizer, se era a falta de acesso as modernidades da cidade ou se não havia ainda sido inventada essa tal banheira.

Que falta fazia a globalização e um fusca.

Recordo da água morna, do cheiro de um sabonete que mais tarde viria saber, era Johnson. Nas espumas borbulhando sobre a água eu debatia meus braços para formar mais bolhinhas e assim ficava me debatendo, me debatendo, até espirrar espuma nos olhos. E aos berros, esperneando e sem mais ver coisa alguma, ser socorrido e embalado numa enorme toalha branca para ser enxuto sobre a mesa da cozinha. Sim da cozinha mesmo, pois não havia ainda o trocador; a globalização, lembram-se?

Bem, daí após devidamente sequinho, me passavam talquinho, perfuminho que me provocavam cócegas e deixavam meu corpinho moreninho; branquinho-branquinho e por que não dizer “dégradézinho”.

Em seguida me vestiam o que se usava na época; e vejam só; uma camisola.

Quando não era a típica camisolinha de bebê, me trocavam com uma camisa comum vestida ao contrário, com os botões virados para as costas; uma maravilha. Daí sapatinhos bordados e óleo Johnson na cabeleira, e pronto... quer dizer, acho que sim, pois não me lembro de ter me visto num espelho nessa época também. Se havia essa ferramenta, com certeza não era permitido para menor de três anos.

E falando em proibido, um pouquinho mais adiante e mais crescidinho, me lembro do contato com as amigas da minha mãe. Aliás, quando elas visitavam minha casa era mulher que não acabava mais. Isto porquê em casa já tinham quatro; minha mãe, minha tia, uma amiga dela que morava lá e uma enteada, todas solteiras.

Grandes encontros sustentados à chás, bolinhos ou almoço.

E quase sem ser notado nestes momentos, percebam que tratava-se de reuniões de mulheres’; eu era apenas um pobre homenzinho pequeno e tímido, num universo de mulheres adultas que não paravam de comer, gargalhar e conversar coisas que lógica e absolutamente ficava impossível de entender.

Por isso criança pequena cria seu mundo.

E de dentro do mundo que criei, também adquiri a “fantasia”, onde eu conversava, ria e brincava comigo mesmo usando aquele local como um mundo de personagens, instrumentos, locações e outras coisas que me proporcionavam experimentar repetir o que aprendia vendo os adultos fazerem.

Assim ficava o tempo todo enfiado em algum móvel. Ora dentro de um armário de cozinha, ora sob a mesa de centro, ora brincando na roldana da máquina de costura, fazendo deles, casa, carro, barco ou avião.

E o lado melhor é que fazendo uso disso tudo, eu tinha com esse limitado tamanho uma visão até certo ponto privilegiada e porque não dizer deslumbrante, que era a de poder olhar sob os vestidos dessas mulheres que se movimentavam no ambiente.

Evidente que dentro da minha pureza e inocência, tirando o aspecto das cores, eu não tinha a menor idéia do que servia todo o resto.

Porém embora ignorante, a sensação intrínseca que percebia é a mesma que se confirmou através do tempo e existe dentro de todo homem nativo que aprende a identificar o que de melhor existe nesse sexo misterioso: -

Sob todo e qualquer ponto de vista, ¨Sêr Mulher, Mulher É”

2 comentários:

angel disse...

Adorei,muito bom me lembro que tb tomava banho em um bacião de alumínio,era uma delícia,bjs.

Marcelo Novaes disse...

oi, Daniel.

Estou te convidando para visitar meu blog recém-iniciado:
http://olugarqueimporta.blogspot.com/

Um abraço,
Marcelo Novaes.